terça-feira, 31 de março de 2009

Mundo podre

Esta é a última chance que me dou de escrever alguma coisa hoje. Antes deste texto, já havia tentado outros três. É a minha falta de inspiração que está se tornando crônica. Nos dois sentidos.

Enfim, hoje quero fazer um protesto. Um protesto sério, de uma coisa, no mínimo, desonesta que pode estar acontecendo no meu trabalho. Como, por enquanto as notícias que eu tive estão muito superficiais, vou tomar cuidado com o que digo, evitando condenações precipitadas, para não cometer injustiças.

Pois bem. Sou funcionário público no estado de Minas Gerais, governado por um cidadão chamado Aécio Neves. E a sua gestão também vem sendo aprovada, por sinal. As possíveis "desonestidades" de que tomei conhecimento não têm relação direta com o caráter desse governador, mas seus atos bem que facilitaram o acontecido.

Por ora, vou tratar isso como um boato (embora eu confie plenamente na minha fonte). Vamos a ele.

Tive conhecimento de uma lista de 38 nomes de pessoas que, no dia 11 de março, tiveram direito a receber a chamada "gratificação estratégica". Essa gratificação teria sido um reconhecimento por "relevantes serviços prestados". Eu ainda não soube todos os nomes, tampouco conheço todos dos que tomei conhecimento.

Já quando fui informado, todos os 38 nomes foram relacionados a pessoas que trabalham na área-meio e prestam serviço em uma mesma subdivisão do sistema onde eu sou empregado, e diferente da minha. Ou seja, embora eu reconheça como um trabalho indispensável a qualquer missão que uma instituição pode se auto-atribuir, não é uma atividade que gere resultados concretos ou que projete o nome e as realizações. Além disso, o recurso de onde saiu a verba para esse pagamento, quase indubitavelmente é o mesmo de todas as quatro subdivisões que compõem o sistema.

Na minha subdivisão, eu sei que, com poucas exceções, todos se mostram muito interessados em realizar tudo na mais lúcida lisura e em melhorar a qualidade do serviço prestado. Apesar da desmotivante remuneração. E não temos recebido um reconhecimento suficiente por isso.

Portanto, caracteriza-se a parcialidade desse pagamento, a falta de isonomia. Pagaram-se apenas determinados funcionários, de determinada subdivisão que prestam determinados serviços, que em nada são melhores que os outros. Ao contrário da justificativa que chegou a mim: "relevantes serviços prestados".

Se eu quiser ser ainda mais crítico, posso observar que, literalmente, não se fala em qualidade do serviço. Mas em "relevância" do serviço. Poder-se-ia dizer, então, que aquele serviço é relevante e os outros não? Ou que aquele serviço é mais relevante que os demais? Ou será que cabe outra interpretação, menos maldosa? Para quê, então, existem as outras divisões? Tenho que observar que essa subdivisão privilegiada está, digamos, mais próxima do poder. Mas isso está muito longe de fazê-la mais importante. E isso torna essa distribuição de recursos bastante suspeita.

Deve ainda ser falado que todas as gratificações de que tive notícia até agora primavam pela transparência: eram conhecidas de todos e foram concedidas mediante o atingimento de resultados previamente combinados. De repente, surge uma gratificação que até então, eu desconhecia, dada a um seleto grupo de pessoas que eu nem sei se chegaram a combinar um prestação de "serviço relevante". O que me soa uma gratificação burra, já que, se existe aquele cargo, presume-se que sua existência já tenha, antes mesmo de sua ocupação, um objetivo relevante.

Outra espantosa incoerência: desde há uns seis meses, aproximadamente, os dirigentes têm sistematicamente cortado benefícios dos funcionários, com a justificativa de se combater a crise. O dirigente máximo chegou a escrever uma carta muito bonita aos funcionários, afirmando entender a situação desagradável, e convocando para que todos compreendessem que o momento era de união e que todos deviam fazer sacrifícios em nome de objetivos comuns. Foi tão convincente, que minha vontade era de oferecer uma parte do meu salário para ajudar. O que está parecendo, no entanto, é uma puta falta de vergonha na cara. Só no meu caso, foi-me subtraído, sem que eu fosse devidamente convidado a negociação ou prestação de esclarecimento, o equivalente a 9,6% (numa conta rápida) de benefícios que eu dispunha. E, de quebra, deram um jeito sorrateiro e aparentemente justo de aumentar minha carga mensal de trabalho em mais de 3horas (contadas no excel).

Um desses 38 nomes, para completar, me chamou a atenção. Renata, conhecida minha. Meio fluminense, meio mineira. Uma mulher de uns 27 anos, bonita sem ser linda. Chama muito mais a atenção, pelo seu corpo escultural. Trabalhou por pouco tempo em um setor de onde seus colegas várias vezes confidenciavam-me uma insatisfação quanto ao seu rendimento e boa-vontade. Um dia, há menos de um ano, ela foi mudou de situação e foi convidada a trabalhar como "assessora" (nome sofisticado para "secretária") de um alto-escalão. Eis que em 12 meses ou menos, sua "assessoria" rendeu tanto e com tanta boa vontade que, mesmo sendo ela novata, fez um "serviço" tão relevante, que lhe valeu uma "gratificação estratégica".

E merece ser dito que se trata de recurso público. O uso desse recurso para pagar gratificações me parece legal e moral. Só é questionável a distribuição desse recurso para umas poucas pessoas descriteriosamente, em vez de realmente promover uma motivação para que o trabalho esteja cada vez melhor.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Sem assunto

Tem uma aba aqui em cima, a quarta da esquerda para a direita, com a opção "Gerar receita".

Deve ser para aceitar propagandas no blog.

Será que alguém normal realmente ganha dinheiro com isso? Gente que já é famosa, vá lá. Mas ilustres desconhecidos, como eu...

Tem gente que arrota e um monte aplaude. Ou critica, porque acha que pelo outro lado, seria mais falta de educação, sei lá!

Vir aqui, escrever qualquer bobagem à noite, passar-se por engraçado ou culto e ainda ganhar dinheiro seria uma boa.

Só sei que isso aqui sempre foi meio paradão. Eu imagino a cara de pena dos administradores do blogger, se eu apertasse o tal "Gerar receita":

- Coitado.

- Vai ver ele estava procurando alguma novidade culinária.

Bom, tô curioso, vou apertar o tal botão.

É, era aquilo mesmo. Nenhuma novidade.

Como a postagem de hoje. Sem graça.

Como este blog.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Questão de oportunidade

No local onde trabalho, estávamos precisando de um estagiário em comunicação social. A remuneração não era para enricar ninguém, mas era bastante satisfatória, acima do salário mínimo e 20horas semanais.

Pelas condições, não era qualquer estágio. Lá é um lugar onde se entra em contato com a nossa área de atuação o tempo inteiro e é onde todos procuram informações concretas. Além disso, relatórios são produzidos quase todos os dias, às vezes mais de um por dia. Teria sido excelente, pelo menos para mim, que, durante a faculdade cheguei a aceitar jornadas de quase 40horas semanais de graça (sem nem esperar certificado), dando-me por muito satisfeito apenas com a experiência adquirida.

Pois estava quase tudo fechado para contratar a menina. Não sei se ela chegou por indicação ou por publicidade do pedido. Mas, curiosamente, era linda, estilo modelo. Pele parecendo um veludo rosa, sobre pouco além de umas costelas; cabelos quase loiros, lisos e esvoaçantes; olhos claros; dentes que deixariam um dono de um Steinway com inveja. Ao passar perto de mim, parecia deixar o mundo em câmera lenta.

Não concordo que se contrate uma moça pela beleza, ignorando-se a competência da melhor candidata. Isso pode ser bom para os marmanjos de plantão encostados nos ombros dos que trabalham, entretanto, para esses que trabalham, pode ser uma dor de cabeça. Mas...(!) não posso negar que me entusiasmou a perspectiva de o nosso dia ficar mais bonito, agradável, cheiroso e motivante para comparecer ao serviço.

Pois bem, ela já tinha sido entrevistada e já se preparava para começar. Na mesma época caiu a bomba: com a nova lei de estágios, a remuneração dos estagiários cairia (e caiu) algo em torno de 25%. Todos as nossas estagiárias (mais uma vez, curiosamente, só temos meninas como estagiárias - as mulheres estão dominando o mundo), também bonitas, diga-se, obviamente chiaram.

"É um absurdo!", disseram todas. Absurdo, absurdo, não é. É lamentável, é sacanagem, é injusto, mas absurdo mesmo não é. Elas receberiam vale-transporte (coisa que nem eu tenho) e custeio de alimentação. Como eu disse, na minha época, trabalhava-se muito mais no estágio, por muito menos. E éramos conformados. Absurdo seria receber sem fazer nada.

Porém, entre reclamações e promessas de que todas sairiam, ainda estão todas lá, planejando a renovação do contrato.

Por causa da época, as demandas comunicativas aumentaram substancialmente. Daí, tínhamos urgência pelo início das atividades da nova estagiária. O tempo passou, demos um jeito de suprir as necessidades e a nova estagiária não começou. Eis que um belo dia foi-me apresentada a estagiária de comunicação.

Diferente da primeira, ela não se encaixava em nenhum estereótipo de modelo: era preta, cheinha, do cabelo alisado sem escova japonesa (ou algo do tipo), dentes um pouco tortos e até um pouco estrábica.

A primeira estagiária havia recusado a oferta, que foi repassada até chegar a esta outra candidata.

A descrição dessa nova estagiária pode ter chocado o leitor, por ter soado preconceituosa. Não. Essa estagiária, como toda jovem adultinha também é linda. Todavia, sua apresentação era visivelmente menos bem-cuidada. Imagino eu, não por menos vaidade. Toda mulher, mulher, é vaidosa. Mas esta, definitivamente, não usou os mesmos recursos para deixar a aparência como ela merecia.

Minha primeira reação foi, na frustração das minhas fantasias, tentar entender por que a primeira largou. Não demorou muito, e foi fácil matar essa: foi a remuneração reduzida. E qual a diferença entre as duas que levou a segunda a aceitar?

Como parti do princípio que toda mulher, mulher, é vaidosa, posso concluir que nenhuma mulher, mulher, é menos atraente que outra porque quer. Se ela não utilizou os mesmos recursos da primeira, para ter uma aparência estonteante, como eu havia dito, só dá pra supor que a nossa ex-futura e fracassada estagiária (a primeira) tem mais dinheiro que a vitoriosa (a atual), no mínimo.

Nem precisava de todo esse método dedutivo para dizer que a primeira era rica e a atual é pobre. Só pela descrição das duas, já dava para supor, começando pela cor da pele.

Foi quando eu percebi. Como a nova remuneração não condizia com o teórico padrão de vida da primeira estagiária, ela o recusou. Depois, fiquei sabendo que a demora para que um estagiário inciasse os trabalhos se deveu à resistência dos estudantes em se oferecer para estágios com remuneração um pouco mais baixa. É aí que vem a verdadeira sacanagem. Estágio, hoje, está perdendo o sentido de aprendizado e prática profissional, e está tendo uma procura muito mais pela remuneração. Estágio está sendo encarado como fonte de renda, local de trabalho. E não deveria ser!

A nova estagiária "aceitou" trabalhar conosco porque, de duas, uma: ou queria muito entrar num lugar que se vê tudo na prática o tempo todo (que é o que eu acredito) ou a remuneração agora condizia com o padrão de vida dela.

Se pensarmos que as estagiárias podem ter chegado por indicação de alguém lá dentro (e eu estou considerando levando muito a sério essa hipótese), é aí que vemos a verdadeira injustiça. Vamos constatar que a primeira e a última oportunidade foram dadas, respectivamente, a uma menina de boas condições de vida e a uma outra vinda de uma realidade já desfavorecida. Uma menina que procurava preferencialmente uma maneira de pagar os cartões de crédito sem depender do pai e outra que procurava preferencialmente um lugar para aprender. Uma menina branca e uma menina preta.

Lamentável, sacanagem, injustiça.

Um absurdo.

Temas para futuros palpites

Eu devo ter um problema de memória. Eu passo o dia inventando assuntos para comentar aqui e, quando finalmente paro na frente do computador, esqueço tudo. E tenho que ficar aqui, olhando pro teto, como se estivesse caçando assunto.

Para resolver esse problema, criei o espaço "Temas para futuros palpites". São assuntos sobre os quais tenho idéias, mas ainda não comecei a escrever, nem em rascunho. Vou anotando o tema central em um caderninho ou mandando e-mail para mim mesmo. Agora, quando eu chegar aqui, vou ter sempre um assunto fresquinho me esperando.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Pegadinha do ecologismo

O mundo do futuro depende muito do nosso comportamento de hoje, sem dúvida. Isso vale para a nossa inteligência, para a nossa saúde, para o nosso trabalho, para a nossa família, para nossos filhos e os filhos de nossos filhos, para a economia, para o meio ambiente e para o ecossistema como um todo.

Tudo volta para nós mesmos, não tem muito segredo:

se você não quiser pensar, vai ser burro;

se comer só porcaria, vai ter um enfarto;

se tiver má vontade, vai ser demitido;

se não se esforçar numa boa convivência dentro de casa, não vai suportar as pessoas que mais gostam de você;

se não for justo com seus filhos, eles serão malcriados com você;

se gastar a torto e a direito, vai ficar sem dinheiro para as contas realmente importantes e;

se contribuir com a emissão de qualquer poluente, ele vai voltar para a sua porta ou, pior, para o seu organismo.

Com vistas nesse desejo para um mundo melhor (ou menos mau), estão em voga campanhas ecológicas, ensinando-nos a ter gentilezas urbanas, a diminuir a produção de resíduos sólidos, a usar água com moderação, consumir menos carne, consumir mais alimentos ditos "orgânicos" (o alimento que não é orgânico seria o quê?, descontados a água os sais) e outros tantos fáceis de exemplificar.

Há, também, dentre essas campanhas, a de se usar mais lâmpadas fluorescentes, no lugar das incandescentes. Os argumentos em favor disso são os de que a lâmpada incandescente exige mais potência para gerar determinada luminosidade, que a lâmpada fluorescente. Daí, poder-se-ia concluir que:

1 - a lâmpada fluorescente é mais econômica, porque reduz gastos com energia elétrica;

2 - a lâmpada é ecologicamente mais adequada, porque, gastando menos energia elétrica, diminui a emissão de gases pelas termelétricas ou a necessidade de se inundar áreas para construção de novas hidrelétricas (ou qualquer outro mecanismo de produção de energia elétrica, porque todos geram algum impacto ambiental).

Deve haver um lobby feroz aí. Pois, pelas minhas contas, esses argumentos são falsos. A lâmpada fluorescente não é mais econômica e, mesmo consumindo menos eletricidade, não deve ser considerada ecologicamente correta.

Juro que pensei em escrever minhas contas aqui, mas desconfiei que isso tornaria o texto moroso e chato. Eu gosto de contas e fórmulas. Quando eu tinha uns 13 anos, fiquei fazendo cálculos para tentar descobrir se, em relação ao Sol, a superfície da Terra corria acima da Mach 1.

Voltando ao assunto, após essas contas, ficou evidente que, a economia na energia não compensa. Resumidamente, a lâmpada fluorescente é cara demais e com vida útil muito curta para proporcionar alguma economia posterior.

E, contendo considerável quantidade de mercúrio (e nem vou falar do flúor e fósforo), torna-se uma séria ameaça à qualidade ambiental de onde esse resíduo for despejado. A lâmpada incandescente, por sua vez, também gera seus resíduos tóxicos. Mas, acho eu, nesse caso, a quantidade deve ser tão pouca, que nem é prevista em legislações ambientais.

Ou seja, se você estiver usando as lâmpadas fluorescentes, com a intenção de salvar o meio ambiente, mas realmente não estiver levando a sério a reciclagem, é melhor nem perder seu dinheiro com essa cara alternativa. Faça você mesmo os cálculos.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Carta para o chefe

Um dia, no meu trabalho, estava eu combinando uma atividade, de interesse do serviço, com uma diretora de outro setor. Esse combinado foi quase todo feito por e-mail. Conversa vai, conversa vem, eu digo que prefiro marcarmos à tarde por "condições matutinas de absoluta preguiça" (com essa mesma debochada expressão).

Tudo ocorreu normalmente. Porém, responsável que sou, para conscientizar meu chefe imediato da atividade que eu estava desenvolvendo, da forma mais transparente possível, cometi a bobagem de repassar a ele toda a longa conversa por e-mail, na íntegra, sem cortes.

Recebi, como prêmio um comunicado, contendo a seguinte resposta:

"(...)
Mas lembre-se: você não precisa, nem deve expor uma condição pessoal. Aqui, você tem que ter profissionalismo, e não preguiça. Especialmente, levando-se em conta que sua força de vontade deve, isso sim, superá-la.
(...)"

Da parte daquela diretora, não houve problema algum com a palavra "preguiça", e isso tinha ficado muito claro ao longo da troca de mensagens. Mas como o meu chefe entendeu mal o contexto, a situação exigia uma resposta. Comecei, então, a elaborá-la, cuidadosa e detalhadamente. Depois de vários minutos, talvez uma hora de escrever, ler, apagar e reescrever, enviei um e-mail que não poderia ter sido mais diplomático:

"
(...)
Gostaria de esclarecer que nunca me achei preguiçoso, nem mesmo de manhã - como se pode perceber no meu dia-a-dia. Aquilo foi uma pequena expressão descontraída, entre bons amigos. No caso, somente quis dizer que preferiria um horário à tarde. E, bem-humorado, reafirmar minha opinião de que marcássemos um horário a critério dela.
Como, apenas por causa do seu aviso percebi os problemas de se dizer coisas desse tipo em meios institucionais, humildemente, aceito suas críticas, concordo com elas e agradeço-as.
Confio em que isso não o deixe com más impressões sobre meu desempenho e responsabilidade aqui, como meu superior, como colega de trabalho e como pessoa.

Sem mais,

Atenciosamente,

José Cabudo."

Muito bem. Essa é a resposta mais adequada e até tem uma dose de verdade. Todavia, no fundo, ela não foi muito sincera.

Se eu apertasse a tecla SAP para ele, a tradução instantânea ficaria assim:

"Gostaria de esclarecer que nunca me achei preguiçoso, nem mesmo de manhã (Preste bem atenção: não sou preguiçoso, embora eu tenha, sim, preguiça de acordar cedo, o que nunca foi problema)

- como se pode perceber no meu dia-a-dia (- como você fica aí escondido no seu gabinete, não participa do nosso trabalho; por isso, para acreditar que eu sou preguiçoso, o senhor não deve ver mesmo o quanto dou duro aqui).

Aquilo foi uma pequena expressão descontraída (Caso não tenha percebido, aquela palavra não era para ser interpretada literalmente),

entre bons amigos (porque talvez, o senhor, sisudo como é, não saiba o significado da palavra "brincadeira").

No caso, somente quis dizer que preferiria um horário à tarde (Já que o senhor não fez o menor esforço para entender, posso explicar: eu tinha uma preferência por um motivo que, imediatamente, já confessava fútil, o que, de antemão, eu sabia não ser problema para a minha interlocutora).

E, bem-humorado, reafirmar minha opinião de que marcássemos um horário a critério dela. (Sendo eu uma pessoa que tenta ser agradável, fiz uma piada para dar razão a ela, caso optasse pela alternativa contrária à minha).

Como, apenas por causa do seu aviso percebi os problemas de se dizer coisas desse tipo em meios institucionais (Como fui burro ao não omitir essa parte da conversa, acabando por expor minha preguiça à pessoa errada: o senhor),

humildemente (puto da vida),

aceito suas críticas, concordo com elas e agradeço-as (doravante vou tomar mais cuidado com as informações que eu lhe prestar).

Confio em que isso não o deixe com más impressões sobre meu desempenho e responsabilidade aqui (Espero que, agora, o senhor tenha entendido uma coisa tão simples de um diálogo inocente),

como meu superior (como repressor),

como colega de trabalho (como alguém que não devia dar lições a quem já não é mais criança há muito tempo)

e como pessoa (e como alguém normal).

Sem mais (Se o senhor não tiver entendido, posso desenhar),

Atenciosamente (Vai 70w@ no meio do $3n &#)

José Cabudo (funcionário chefiado pelo senhor, admirado com a sua competência em chegar aonde está, mesmo sendo preguiçoso para interpretar um texto fácil)

sexta-feira, 20 de março de 2009

Incoerências

Um dos sites que uso com razoável freqüência para me informar e formar minhas opiniões sobre política é o Conversa Afiada, mantido pelo jornalista Paulo Henrique Amorim. PHA, como costumam chamar seus leitores, tem posições políticas notoriamente esquerdistas. Para exemplificar, um dos políticos que ele cita com mais freqüência e apreço é o Leonel Brizola.

No site, PHA critica fortemente setores da imprensa, que foram apelidados por ele mesmo como Partido da Imprensa Golpista, ou PiG, com "I" minúsculo mesmo, em referência ao portal iG, com o qual teve o contrato desfeito de supetão. As críticas mais evidentes ao que ele e seus seguidores chamam de PiG, são os métodos parciais e interesseiros aliados a um critério estritamente ideológico para esses canais, jornais e revistas noticiarem o que consideram relevante.

Diante dessa situação, ele pretende fazer um contra-ponto ao partidarismo velado do setor dominante (economicamente) da mídia brasileira, sobretudo a Veja, a Folha de São Paulo e as organizações Globo. Como está claro neste texto, eu concordo com ele. Eu também percebo uma forte tendência desses veículos de comunicação em condenar, com base em qualquer vestígio, as desonestidades e ou outros comportamentos reprováveis do PT, PC do B, PSol, por exemplo. Contrariamente, o tratamento dispensado a partidos como PSDB, PFL, PTB é de um paizão para o filho, sempre desculpando as falcatruas ou mesmo ignorando fatos que podem prejudicar a imagem de seus políticos. Isso para mim está muito claro.

Então, na minha modesta opinião, acho mais ou menos justo que um jornalista mais alinhado à esquerda queira balancear essa equação, expondo todos os podres dos mais influentes políticos da direita. Além disso, ele não esconde um ódio especial, e justificado, por certas figuras conhecidas no meio político e econômico. De posse dessas informações, eu me vacino contra alguns revanchismos dele e vou à leitura, porque acho que, apesar de saber que ele está contando deliberadamente apenas uma versão da história, não posso negar que ele diz verdades que estão desesperadas para serem ditas.

Assim, hoje, o Conversa Afiada publicou uma entrevista com jornalista Altino Machado, sobre uma pergunta, digamos expositiva, que este fez ao Presidente do Supremo Tribunal Federal, o Ministro Gilmar Mendes. Resumidamente, o caso é que, em uma entrevista anterior, o repórter Altino questionou a condição do ministro de grande proprietário de terras, quando condena mortes provocadas por participantes do Movimento dos Sem-Terra e é omisso em se tratando de assassinatos promovidos por latifundiários com terras invadidas. Isso fez o ministro reagir, primeiro, com certa grosseria, e, mais tarde, valendo-se de seu poder, com medidas repressivas ao repórter. Querendo munir-se de mais fatos que comprovem o comportamento ditatorial e a falta de reputação ilibada de Gilmar Mendes, PHA fez a tal entrevista. Contudo, ela não saiu bem como ele esperava. A hipótese levantada para explicar as respostas frustrantes de Altino, é que Altino mora no Acre, onde ele pode ser ameaçado por suas declarações, configurando censura ou ameaça de censura. Mas é só uma hipótese.

Após ter assistido a tal pergunta de Altino a Gilmar Mendes e lido a entrevista de PHA com Altino, aproximadamente às 11h5min de hoje, fiz o seguinte comentário:

"Não concordo com a passividade do entrevistado. Mas não significa que a opinião dele tenha menos valor do que a minha.

Achei muito deselegante a maneira quase coercitiva de o Paulo Henrique Amorim querer "ensiná-lo", bem como a responder o que ele queria ouvir (pelo menos, a transcrição me pareceu assim).

Eu gosto do PHA e concordo com muitas de suas opiniões, mas hoje, este site caiu em erros iguais aos do que ele costuma chamar de imprensa golpista, fazendo perguntas esperando determinada resposta, comportando-se como parte interessada e menosprezando a versão do entrevistado.

Destaco a desnecessária reprodução das gaguejadas do entrevistado, que suponho ser um recurso para desmerecer a opinião dele. Isso só fez dificultar a leitura do texto e produzir em mim uma certa antipatia pela entrevista.

Se isso começar a se repetir, infelizmente, o Conversa Afiada vai perder a assiduidade deste humilde leitor."

(Uma observação: na minha opinião leiga, a nomeação daquele cidadão para ministro do STF foi um erro, por vários motivos que não vou expor aqui)

Por que desta vez eu inseri toda essa introdução ao comentário? Porque ele foi preterido no site. Mais tarde, mais ou menos umas 15h30min, eu deixei outro recado, educado, perguntando por que minha opinião não tinha sido publicada, pedindo ao menos o envio de um e-mail explicando. Novamente, a minha mensagem não está lá e até agora não recebi nenhum e-mail.

Não posso mais supor que meu comentário esteja de fora por acidente. Posso aceitar que o site é do PHA e lá ele publica o que ele quiser e a lei permitir. Todavia, também posso concluir que, para acusar seus desafetos, ele lança mão dos mesmos recursos que concomitantemente está condenando: censura.

Medindo a Parcialidade da Imprensa

Há algum tempo, este site (Vi o Mundo) abriu um espaço só para sugestões dos leitores. Dei uma sugestão lá que nem lembro o que foi. Só sei que não foi pra frente.

Depois disso, meu dedo já coçou várias vezes para fazer uma outra sugestão que me surgiu como um estalo, mas fiquei com receio de ser mais um comentário meu que ia acabar sem nenhuma repercussão. Lendo os comentários desta postagem, criei coragem e vou arriscar dizer agora. Lá vai:

Como este site está sempre acusando a existência de uma imprensa corporativista, que só divulga fatos e opiniões seletivamente de acordo com a conveniência do momento, para interesses estritamente privados, acho que seria uma boa exemplificar esses casos. Sugiro uma subsessão no "Weakmedia", demonstrando objetiva e comparativamente as diferenças de interesse e abordagem de matérias de um mesmo veículo (quiçá, mesmo profissional) sobre fatos idênticos ocorridos em administrações de partidos ou pessoas diferentes. Pode ser uma tabelinha simples mesmo.

Os critérios poderiam ser relevância dada à matéria; nº de linhas (ou tempo dado); uso de imagens, provas materiais, juízo de valor; teor dessas qualificações; políticos que aparecem, quanto tempo ou espaço aparecem; quantidade de opiniões diferentes; histórico dos profissionais consultados; propagandas que aparecem perto; momento em que a matéria aparece; matérias correlatas na mesma publicação...

Se eu fosse jornalista, faria isso por conta própria. Mas não tenho nem material nem "know-how" pra isso.

Palpite publicado no Vi o Mundo no dia 19/3/2009

sábado, 14 de março de 2009

Aviso

Estou retirando da minha lista o blog do Noblat, por motivos de incoerências ideológicas. Acabei de ler ali uma citação da revista veja, na qual o autor Expedito Filho abusa de considerações sobre fatos não-confirmados (ou falsos), estabelecendo ainda relações sofismáticas que apontam para várias conclusões preconcebidas.

As opiniões do Noblat, eu costumo admirar, embora nem sempre eu concorde. Mas depois dessa, ficou difícil manter a referência dele aqui. Estou à procura de um bom blog de direita. Mas tem que ser bom. Não me venham com Diogos Mainardis ou Lúcias Hippólitos!

Aposta

Só uma opinião: duvido-e-o-dó que far-se-á qualquer pergunta inconveniente aos interesses políticos e empresariais do presidente do Supremo. Estou apostando cinqüenta reais que as perguntas feitas serão mamão-com-açúcar, com respostas preconcebidas, do tipo:

“não é um absurdo o abusado delegado Protógenes defender uso de algemas em caso de acusados de crimes financeiros e políticos?”;

“qual será o melhor candidato diante da incompetência econômica do governo Lula após a crise tsunâmica que assola o país?”;

“qual deveria ser a punição para juízes federais que insurgem contra as decisões do Presidente do STF?”;

“o que a v. Magnanimidade acha da ignorância do povo sobre a crescente avaliação positiva do atual presidente, mesmo com tantas denúncias por corrupção, mau uso do dinheiro público, administração inconseqüente perante a crise e ainda tendo um filho corrupto?”;

“qual a sua avaliação sobre o comportamento relapso do governo em relação aos tenebrosos assassinatos de seguranças de fazendas por movimentos de sem-terras comandados por criminosos ligados a partidos socialistas?”.

Vou parar por aqui, porque estiquei um comentário que eu pretendia breve. desculpem os neologismos aí.

Cinqüenta reais! Quem tem coragem?

Aposta publicada no Conversa Afiada, no dia 11 de março de 2009