domingo, 25 de abril de 2010

Mais sobre privatizações

Resposta ao Laguardia, que não consegui comentar na página dele, porque excedeu em muito 4.096 caracteres.

Laguardia,

em primeiro lugar, obrigado pelo comentário.

Parece que você é de Belo Horizonte, onde operava a Telemig. Como eu, você também deva ter sido "cliente" da Telemig na era "pré-privatização". Ou, talvez você morasse no Rio de Janeiro nessa época, onde realmente o serviço era sofrível. Acho desnecessário e cômico eu ter que "provar" minha senilidade (normalmente, tento provar a minha jovialidade). Não é porque tenho uma opinião diferente, que meu ponto de vista é infantil ou ingênuo. Vamos explicar as coisas.

Minha insatisfação com a venda da Telemig é muito clara. Caso você tenha morado no Rio ou outro estado nessa época, devo avisar: na era "pré-privatização", a Telemig tinha um serviço de primeira. Juntamente com a Cemig, a Telemig dispunha de (investia em) tecnologia de ponta para a época. Digo isso, porque acompanhei mais ou menos de perto (pelo que você disse, você também. Relembre comigo alguns aspectos da telefonia "estatal" em MG). Hoje, a Cemig - que continuou majoritariamente sob comando do Estado, por mérito do Itamar -, como qualquer empresa estatal ou de economia mista bem administrada, cumpre seu papel e detém bons serviços e boa reputação. Só pra exemplificar, antes da privatização, o telefone "dava linha" e executava a chamada instantaneamente, inclusive interubana (por isso conclui que você não foi cliente da Telemig). Logo após a privatização, porém, estranhamente, esperávamos segundos ou simplesmente as ligações não completavam, mesmo as locais. Apenas algum tempo depois é que tudo voltou como era antes. Outro bom exemplo é que se ligava de, por exemplo, Ouro Preto a Ipatinga como chamada local, ou seja, cidades abrangidas pelas mesmas estações pagavam o pulso local. E esse pulso, diga-se de passagem, era de quatro em quatro minutos. Seu valor correspondia a poucos centavos de hoje. Para completar, se precisei reclamar de algum serviço da antiga Telemig, não me recordo de ter sido tratado com desdém e ignorância. Logo antes da privatização, ainda, MG era um dos primeiros estados a disponibilizar o uso de celulares em larga escala. A Telemig já tinha planos de uso noturno, o "CeLUAR". Para obter uma linha qualquer, pelo menos no meu caso, era preciso comprar ações da empresa (isso, de fato impedia boa parte da população em ter uma linha doméstica), o que significava participação nos lucros, quando havia (e não uma mensalidade exorbitante, como você diz).

Como qualquer novidade, realmente, não era para todos. No entanto, acredito eu, a democratização das telecomunicações, a exemplo de qualquer tecnologia, era uma estrada de uma mão só, haja vista a informática; a TV a cabo ou satélite; bens de consumo duráveis; o atual alcance das linhas de transmissão da própria Cemig; a quantidade de cidades que com menos de 100mil habitantes que já dipõem de ETAs e ETEs, seja da Copasa, seja dos SAAE e uma infinidade de casos de serviços que eram escassos no fim da década de 1990 e hoje estão ao alcance de uma parcela muito maior da população. Assim, o amplo acesso ao telefone já se anunciava um caminho sem volta, com ou sem privatização.

Sem falar que os anos que precederam as privatizações foram de total desmantelamento de várias empresas estatais e de economia mista (inclusive a CVRD), seguindo à risca a chamada "cartilha neoliberal", como que "preparando o terreno" para justificar as privatizações. Qualquer especulação que você ou eu façamos da alegada precariedade anterior às privatizações deve levar isso em consideração.

Devo dizer também, para evidenciar a competência do serviço da antiga Telemig, que, assim que a Telemar foi vendida, houve uma debandada geral de engenheiros da ex-Telemig para a Telemar do RJ, consoante o serviço no RJ ter melhorado substancialmente ao mesmo tempo que o servço em MG, no princípio teve uma sensível piora, como eu disse acima.

Eu ainda poderia citar a Embratel, com seu pioneirismo dos sistemas Multiplex e Radiovisibilidade, ainda no tempo do Geisel (!). Mas já é me delongar demais no assunto.

Hoje, cliente da Oi, ex-Telemar, ex-"linha-fixa"-da-Telemig, ao contrário dantes, insisto que só tenho a lamentar quanto aos herdeiros diretos da privatização: os péssimos serviços, preços e respeito ao consumidor - pelo menos, se comparados aos da antiga Telemig. Se as Agências Reguladoras (outra invenção de FHC) não cumprem bem o seu papel, também é algo a se discutir. Mas desconfio que lobistas e corruptores que não podiam existir antes da privatização tenham a ver com isso.

Sobre a Vale, não vou aprofundar muito no assunto, porque não é mesmo a minha especialidade. Acabei de reler o comentário no Briguilino. Não me lembrava mais daquilo. Porém, podemos prosseguir o assunto. Se não me engano, a Previ é uma empresa (ou fundação?) previdenciária de direito privado, que praticamente doou parte do dinheiro para um certo amigo do PSDB comprar a Vale, a revelia de seus associados - funcionários do BB, e não de "propriedade" do BB (se quiser, você pode elucidar essa minha ignorância assumida). De qualquer forma, você tentou desconstruir um argumento que não usei. Não me baseio nisso para criticar a privatização da Vale. Minha critica foi a perda do controle efetivo do governo a uma fração do valor real, independente de quem tenha sido o comprador. Além de ter sido economicamente um mau negócio, essa perda do controle, na minha opinião, representa a perda do uso social da empresa e um possível desinteresse à questão ambiental. Essa é a crítica que tenho feito à privatização da Vale. Tenho outras, ainda não toquei no assunto internet afora. Um dia posso voltar a esse tema.

Agradeço as informações e alguns outros aspectos da privatização da Vale e outros assuntos, que eu desconhecia. Mas ressalto uma correção: se tenho uma visão que tende à (verdadeira) social-democracia e a um certo esquerdismo, isso está muito longe de eu ser petista ou lulista, muito menos fanático. Se assim pareço, pode ser por causa da proximidade das eleição, quando nossos sentimentos políticos começam a exarcebar. Convido-o a ler outros comentários meus sobre o assunto. Tenho certeza que você concordará que formou uma impressão precipitada e radicalizada sobre mim.

Seu comentário foi muito bem-vindo no Palpite do Dia e a partir de agora, vou esperar outros. Mas vamos manter uma padrão suportável de civilidade e respeito à pluralidade de opiniões (essencial à democracia, que você tanto preza) nas discussões, está bem?

Um abraço.

Zé Cabudo

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Brasil tem a 2ª maior tarifa de celular do mundo

Notícia requentada, assumo.

É que andei uns dias sumido, mas guardei alguns assuntos que eu queria comentar.

No comecinho de fevereiro, a consultoria europeia Bernstein Research disse que o Brasil te a 2ª maior tarifa de celular do mundo.

Também é de conhecimento comum - podendo-se pesquisar em qualquer Procon da vida - que os campeões de reclamações no Brasil são justamente todas as empresas de telefonia celular.

Fiquei esperando (e apostando que não ia sair nada) alguém relacionar o péssimo atendimento e os preços surreais com a privatização, que prometia mundos e fundos.

Ainda estou esperando (e apostando).

segunda-feira, 12 de abril de 2010

A indignação do Alexandre Garcia

Os mais novos devem achar o Alexandre Garcia um jornalista dos mais politizados e atuantes do Brasil. Todos os dias ele aparece na TV ou no rádio indignado, dizendo como o governo é ruim e os políticos são corruptos.


Quem o vê hoje, não sabe a indignação dele na época da ditadura e do governo Collor.


Sem entrar no mérito do teor das críticas, é impressão minha ou um presidente operário com recorde de aprovação tornou esse cara mais sisudo? Não parece que ele era mais conformado, mais relaxado, mais bem-humorado, mais benevolente, mais simpático naqueles tempos?

Afinal, o governo Collor não é reconhecidamente um dos mais corruptos da nossa História? E violência não existia no Brasil? A justiça era um primor? Por que então essa diferença de humor em relação à política nesses dois períodos? O Governo Lula é uma tragédia tão grave que não merece nem ter uma crônica indiscreta amigável desse humorista jornalista?

Talvez este artigo, em que ele expõe o próprio ponto de vista sobre o golpe militar, explique alguma coisa....

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Mais um palpite sobre as cotas raciais

Argumentar que os critérios são subjetivos (ou que não há fundamentação genética e outras baboseiras afins) para invalidar o mérito das cotas (ou de qualquer outra medida inclusiva) é como esperar que a miscigenação resolva o problema da desigualdade racial no Brasil.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Por que funcionário público tem fama de improdutivo

Ao longo de anos anteriores, acumulei quase um mês em horas-extras, que eram o minimo que eu achava de direito eu compensar. Na verdade, tem muito mais, porque tudo, absolutamente tudo, que eu trabalho a mais e a menos eu registro numa planilha que criei.

Agora veja a resposta que um servidor público (eu) merece ao pedir a compensação mais do que justa desse período:

"Todo esse tempo é inerente ao trabalho, isso não pode ser compensado."

Não? Oras bolas...

Se meteorologistas tiverem que dar plantão por causa da época de cheias, ele não podem compensar o tempo por ser inerente ao trabalho? Ou isso seria "menos" inerente do que o meu caso? Se um médico tiver que fazer 20horas consecutivas de cirurgia, ele não pode pedir pra descansar, porque é inerente ao trabalho? Se um técnico eletricista morrer eletrocutado por causa do trabalho, a família não pode ser indenizada porque é inerente ao trabalho? Se uma atriz fizer o teste do sofá para conseguir uma chance, ela não pode alegar assédio sexual, porque é inerente ao trabalho? Se um jogador de futebol negro é chamado de macaco por algum companheiro, não é racismo, porque é inerente ao trabalho?

E meu limite de 40horas semanais não é inerente ao trabalho? Por esse raciocínio, devo pensar que o máximo constitucional de 44horas semanais também deve ser subordinado ao que for inerente ao trabalho.

Ou seja, ganhei um pequeno alento, mas tomei pra dentro de com força, achando que, me dedicando, tudo seria reconhecido. Além disso, nesse meu pedido, fui sutilmente acusado de má-vontade e preguiça, para justificar essa recusa (o que não é verdade, como já comentei aqui mesmo).

Não sei se ela mesma acredita nisso, se ela é orientada a não ficar liberando demais os funcionários. Quero crer que ela ficou incomodada com um pedido de tantos dias para descansar ou que a superior dela a puniria se ela liberasse ou que ela não quisesse encorajar todo mundo a fazer a mesma coisa. Só sei que, no fim, só me restou fazer cara de quem não concorda, mas aceita, porque não sou eu quem manda.

Agora, observe como subentende-se que a preguiça fica institucionalizada.

Foi dito também que esse tempo perdido acaba sendo compensado quando eventualmente eu precisar, como um imprevisto ou alguma necessidade justa, mas que eu não tenha direito formalmente. Eu, que sempre evitei esse tipo de situação, agora posso relaxar. Se um dia eu achar que devo falhar ou deixar de trabalhar um turno, basta dar uma desculpa. Simples assim.

Planilha pra quê?

domingo, 4 de abril de 2010

Por que o SUS não funciona?

Se querem a resposta, façam uma visita a qualquer núcleo regional de secretarias de saúde do Brasil (aliás, nem precisa ser só a administração descentralizada). Se encontrar algum servidor (de carreira), perguntem-lhe sobre condições de trabalho. Perguntem qualquer coisa sobre isonomia. Perguntem sobre salários. Procure alguém motivado. Os hospitais e os postos de saúde são só a parte que aparece.

sábado, 3 de abril de 2010

Manifestação teria sido aliciada por dirigentes

Jornal Estado de Minas, edição do dia 1º de abril de 2010, Caderno Gerais, página 24.

Tema: "Aliciamento" (de aliciar, ou seja, "1. atrair a si; granjear, angariar. 2. Seduzir; subornar.", segundo Celso Pedro Luft
Chamada: "CUT pagou manifestantes"
Sub-título: "Presidente da associação que contratou ativista para protestar contra o governo estadual (gerido pelo príncipe Aécio) confirma que dinheiro foi repassado pela Central Única dos Trabalhadores"

Também encontrada no portal Uai.

Quando li isso, minha primeira reação foi de condenar a CUT e desmerecer completamente o protesto. Pensei: "desta vez, realmente não tem desculpa. Terceirizaram a manifestação para fazer mais volume."

Abaixo, uma foto estampada, sobre a legenda: "Welton Luiz, o Pelé, diz que a 'ajuda de custo' dada aos participantes do protesto veio de um rapaz da CUT".

As áspas em "ajuda de custo" apenas reforçam a idéia a que a chamada me levou.

Mas deixei a preguiça de lado e fui à leitura da matéria. Começa assim:

"Ativistas que fazem panfletagem para a Associação dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário Aposentados e Pensionistas de Belo Horizonte e Região foram pagos pela Central Única ds Trabalhadores para engrossar a primeira manifestação do funcionalismo estadual na Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves, em 16 de março." (grifo meu)

Contraditoriamente, logo abaixo, no mesmo parágrafo, o próprio jornalista se desmente. O entrevistado esclarece que o dinheiro recebido se tratava de R$25,00 (!), para custear alimentação (já que eles - a maioria, de fora da capital - passariam o dia inteiro na manifestação).

Ao longo do texto, a própria matéria vai desconstruindo a tese que ela mesma formulara, no seu primeiro período. O mesmo entrevistado, o Pelé da referida foto, diz sem nenhuma restrição como foram combinados e repassados a "abusrda" quantia de R$25,00 aos participantes da manifestação (a imensa maioria formada, sim, por servidores, dos quais, grande parcela, chegou de ônibus, vindos do interior).

Na minha opinião, esse apoio de outras classes - mesmo as que receberam ajuda de custo - não demonstra absolutamente nenhuma imoralidade. Essa união de diferentes setores trabalhistas é uma atividade comum e até saudável para a democracia. Deveria ser estimulada. A própria greve dos rodoviários ganhou adesão de grande parte da sociedade, inclusive o funcionalismo público. Afinal, ainda que não seja problema seu, se a causa é justa, por que não a defender?

O que não quer dizer que os trabalhadores tenham que fazer mais sacríficios pela causa. Uma simples ajuda de custo (sem áspas) seria o mínimo esperado para qualquer pessoa mais engajada disponibilizar todo o seu tempo livre para sair da sua cidade e manifestar sua insatisfação. E R$25,00 por um dia inteiro é uma quantia bastante razoável para os padrões estipulados na Cidade Administrativa, reino muito, muito distante onde o protesto se deu.

Além disso, o tal Pelé ainda esclarece vários mal-entendidos (ou interpretações de má-fé), que não pretendo esmiuçar aqui.

A matéria ainda explica que a denúncia veio depois que foram feitas imagens mostrando esse pagamento. Essas imagens são 35segundos, editados, de dentro de um ônibus e é possível visualizá-la no atalho para o portal Uai. Pesquisei e a encontrei novamente aqui, dentro de uma primeira matéria, que já tirava todas as conclusões, sem consultar os diretamente envolvidos.

Nessa matéria anterior mesmo, um outro dirigente de sindicato, sem nem ter participado da manifestação, já explicava:

"Ele (vice-presidente da Sinpol) disse que os servidores recebem de R$ 10 a R$ 20 para se alimentar. 'Não podemos tirar essas pessoas de suas cidades e deixar que elas fiquem com fome. Não estamos fazendo nada mais do que a restituição do que os associados pagam por mês aos sindicatos, pois trabalhamos por eles. Não há pagamento de militante'"

Sabendo-se que, antes de sua ocorrência, essa manifestação havia sido intensamente alardeada, fica claro que alguém se infiltrou com a intenção de registrar alguma malandragem dos movimentos sociais. Qualquer malandragem. Ou qualquer coisa que pudesse ser propagada como malandragem.

Isso leva a crer também que a filmagem e as matérias foram concebidas com clara finalidade de desmoralizar o movimento e, com ele, todas as reivindicações do funcionalismo e outros movimentos de oposição ao Governo de Minas. E isso reforça a blindagem que a imprensa mineira tem rotineiramente dispensado ao governador Aécio.

Dito isso, conclamo todos a relerem o título deste humilde comentário e refletirem: qual é a manifestação comprada e quem é o dirigente interessado?

quinta-feira, 1 de abril de 2010

As maiores mentiras do Brasil





Mentiras do Brasil
Gabriel Pensador
Composição: Gabriel O Pensador

Era uma vez duas criancinhas
Um mundo do faz de conta era onde eles viviam
Seus nomes eram José e Maria
E verde e amarelo era a bandeira que vestiam
Queriam viver com felicidade mas pra isso era preciso saber sempre a verdade
Os adultos hipócritas provocavam sua ira
Pois quem é puro não gosta de conviver com a mentira
Mas Zezinho e Maria eram puros porém sabidos
Deixavam tapados um dos lados de seus ouvidos
Pra não entrar por aqui e sair por ali
O que escutavam e achavam importante refletir
E na TV as histórias que os adultos contavam
Eles gostavam de ver
Mas nem sempre acreditavam
Se revoltavam vendo coisas que até cego já viu
E resolveram fazer uma lista com...

As maiores mentiras do Brasil
Vocês e suas mentiras vão pra... (primeiro de abril!)
As maiores mentiras do Brasil
Vocês e suas mentiras vão pra... (primeiro de abril!)

E uma mentira absurda encabeçava o rol:
Deus é brasileiro... (Só se for no futebol!)
Certas frases conhecidas são mentiras e ninguém nega
(por exemplo?) "A justiça é cega!"
Quem prega isso é canalha (psh! Não espalha)
Porque aqui a justiça tarda... E falha!
E o Zezinho gargalha com outra mentira boçal
(qual?) "O brasileiro é cordial" aha!
Mas que gracinha, imagina se não fosse!
Se o brasileiro é amável, Adolf Hitler é um doce
Porque a lei de Gérson é o nosso evangelho
Todos querem se dar bem e não se respeita nem os velhos
Dizem também que o pobre é malandro
Mas o povão tá só ralando e quem tá armando são os grandes empresários e empreiteiros
Mas até hoje só prenderam o PC e os bicheiros
No país da impunidade tudo é contraditório
Deixam o resto em liberdade em troca de um simples bode expiatório
Que situação patética
É real ou ilusório o processo de restauração da ética?
Será que é boato? Zezinho e Maria perguntavam
E enquanto isso anotavam...

Refrão

Mentira tem perna curta e se desmente facilmente
Zezinho estava em frente a uma loura linda e inteligente
E tem gente que diz que toda mulher bonita é burra
Quem acredita merece uma surra
Dizem que o bebê vem da cegonha
E que cresce pelo mão se bater uma bronha
Mas o pequeno Zé não acreditava
E se crescesse ele raspava
A lista de mentiras aumentava:
Comunista come criancinha, Aids é doença de gay
"Mentira!" (seu comunista, bota camisinha!)
Mariazinha ficou mocinha e descobriu que era caô
Que só existia sexo com amor
Aprendeu a falar inglês e viu que não é só filme brasileiro que tem muito palavrão
Pois foi no cinema e ouviu tudo o que eles cortam na legenda e na dublagem da televisão
Queriam as verdades sem cortes
Queria liberdade
Queriam independência ou morte
Perguntaram ao fantasma de Cabral a história real entre Brasil e Portugal:
"Não foi sem querer que descobrimos vosso país
Nós portugueses não somos burros como se diz!"
Outra piada que não era nada séria era que a seca do Nordeste era a culpada da miséria
Desculpa esfarrapada puro blá, blá, blá...
Pois se os políticos quisessem eles faziam o sertão virar mar!
Tem também a lenda eterna da falta de verbas
As moscas mudam mas é sempre a mesma merda...
E a lista continua sem parar
Com mentiras que o Pinóquio teria vergonha de contar

Refrão

Diziam que o Brasil é o país do futuro
Mas eles viram que o melhor era viver o presente
Zezinho e Maria decidiram mostrar pra todo mundo que é mentira que o Brasil não vai pra frente!
Eram crianças
Tinham muita esperança
Mas não queriam esperar pois quem espera nunca alcança
Acharam nojento todo aquele fingimento
E começaram a ficar violentos
(O brasileiro tá cansado de ser enganado
Daqui pra frente os mentirosos serão enforcados)
E começaram assim uma revolução
Controlaram todos os meios de comunicação
E revelaram sua lista com as milhões de mentiras
Que atrasavam a ordem e o progresso da nação
Só tinham uma saída pro país
Acabar com as mentiras pela raiz
E como toda revolução deixa cicatriz
O sangue jorrou feito um chafariz
Foi uma vitória do povo e no final da conquista
Zezinho e Maria puseram fogo na lista das...

Refrão

E ao voltarem pra casa encontraram seu pai emocionado por tudo que eles tinham aprontado
Uma nova era tinha começado e não era à toa que os olhos do coroa estavam encharcados
Uma lágrima desceu e Zezinho percebeu que descobria mais uma mentira nessa hora...
Homem também chora