quinta-feira, 9 de julho de 2009

Tradução do discurso do Rev. Al Sharpton

por Zé Cabudo


As pessoas do mundo inteiro hoje estão reunidas no amor para celebrar a vida de um homem que falou ao mundo em como se amar.

As pessoas devem estar se perguntando o porquê de tamanha explosão sentimental. Mas vocês têm que entender o caminho que Michael percorreu para entender o que ele queria dizer a todos nós. Àqueles que estão aqui presentes, como a família Jackson - uma mãe e um pai com noves filhos que saíram de uma classe operária em Gary, Indianda -, eles não tinham nada, além de um sonho.

Ninguém acreditava, naqueles dias, que um sonho como aquele viria a se tornar realidade, mas eles continuaram acreditando e Michael nunca permitiu que o mundo desse as costas para seu sonho. Eu conheci Michael perto da Black Expo de 1970 em Chicago, Ilinois, com o Reverendo Jesse Jackson, que apoiou sua família até agora, e desde aquele dia como um menininho até este momento, ele nunca deixou de sonhar. Foi esse sonho que transformou a cultura do mundo inteiro. Quando Michael começou, o mundo era diferente. Mas porque Michael insistiu, porque ele não aceitava limitações, porque ele se recusava a deixar as pessoas imporem barreiras, ele despertou o mundo inteiro.

No mundo da música, ele calçou uma luva, vestiu suas calças e rasgou a cortina da cor, fazendo nossos vídeos serem divulgados e as revistas nos colocarem na capa. Foi Michael quem deixou os pretos e brancos e asiáticos e latinos mais próximos. Foi Michael que nos fez cantar "We are the world" e alimentar os famintos muito antes da Live Aid*.

Por causa da insistência de Michael Jackson, ele gerou um nível de conforto em que as pessoas que se sentiam deslocadas do mundo passaram a se interligar com sua música. E foi nesse nível de conforto que crianças do Japão e Gana e França e Iowa e Pensilvânia tiveram familiaridade suficiente uns com os outros até o momento em que não nos era mais estranho assistir à Oprah** na televisão. Não era mais estranho assistir ao Tiger Woods*** jogar golf. Aquelas jovens crianças cresceram para se tornarem adolescentes, fãs normais de Michael Jackson, depois chegarem aos 40 anos de idade e não verem problema algum em votar numa pessoa de cor para Presidente dos Estados Unidos da América.

Michael é o responsável por isso. Michael nos fez amarmos uns aos outros. Michael nos disse para permanecermos uns com os outros. Há aqueles que só querem provocar confusão. Mas milhões no mundo, nós vamos passar sua mensagem adiante. Não sobre confusões, mas sobre sua mensagem de amor. Assim como quando você escala montanhas íngrimes, às vezes você rala o joelho, às vezes você se arranha. Mas não se concentra nas feridas, concentra no seu caminho. Michael passou por cima, Michael chegou ao topo. Ele cantou além dos cínicos, ele dançou além dos incrédulos, ele se apresentou além dos pessimistas. Toda vez que o derrubavam, ele se levantava. Toda vez que vocês não contavam mais com ele, ele voltava à cena. Michael nunca parava! Michael nunca parava! Michael nunca parou!

Eu quero dizer para a Sra. Jackson e Sr. Joe Jackson, suas irmãs e irmãos: Nós lhes agradecemos por ter-nos dado alguém que nos falou de amor; alguém que nos falou de esperança. Nós queremos lhes agradecer porque sabemos que o sonho era de vocês também.

Sabemos que vocês estão com o coração partido. Sei que vocês têm algum conforto com a carta do Presidente dos Estados Unidos e do Nelson Mandela. Mas ele era o seu filho. Era seu irmão. Era seu primo. Nada vai preencher o vazio de seus corações. Mas espero que o carinho que as pessoas estão demonstrando faça-os saber que ele não viveu à-toa. Eu quero que seus três filhos saibam: não tinha nada de estranho com seu papai. Estranho era o que ele teve que encarar. Mas ele encarava... Ele encarava, mesmo assim. Encarava por nós.

Então alguns vieram hoje, Sra. Jackson, para se despedir do Michael. Eu vim para agradecer. Orbigado por nunca ter parado, obrigado por nunca ter desistido, obrigado por nunca ter saído fora, obrigado por rasgar nossas divisões. Obrigado por eliminar barreiras. Obrigado pela esperança que nos deu. Obrigado, Michael! Obrigado, Michael! Obrigado Michael!

* Live Aid foi um concerto de rock realizado em 1985, para combater a fome na Etiópia com o dinheiro levantado.

** Oprah é uma versátil apresentadora negra, muito popular nos E.U.A., e com grande alcance e influência na cultura daquele país.

*** Tiger Woods é um negro que está no topo de um esporte tradicionalmente branco: é, certamente, um dos melhores jogadores de golfe de todos os tempos e negro.

Um comentário:

Diário Virtual disse...

Que lindo isso. Linda homenagem!