Ao longo de anos anteriores, acumulei quase um mês em horas-extras, que eram o minimo que eu achava de direito eu compensar. Na verdade, tem muito mais, porque tudo, absolutamente tudo, que eu trabalho a mais e a menos eu registro numa planilha que criei.
Agora veja a resposta que um servidor público (eu) merece ao pedir a compensação mais do que justa desse período:
"Todo esse tempo é inerente ao trabalho, isso não pode ser compensado."
Não? Oras bolas...
Se meteorologistas tiverem que dar plantão por causa da época de cheias, ele não podem compensar o tempo por ser inerente ao trabalho? Ou isso seria "menos" inerente do que o meu caso? Se um médico tiver que fazer 20horas consecutivas de cirurgia, ele não pode pedir pra descansar, porque é inerente ao trabalho? Se um técnico eletricista morrer eletrocutado por causa do trabalho, a família não pode ser indenizada porque é inerente ao trabalho? Se uma atriz fizer o teste do sofá para conseguir uma chance, ela não pode alegar assédio sexual, porque é inerente ao trabalho? Se um jogador de futebol negro é chamado de macaco por algum companheiro, não é racismo, porque é inerente ao trabalho?
E meu limite de 40horas semanais não é inerente ao trabalho? Por esse raciocínio, devo pensar que o máximo constitucional de 44horas semanais também deve ser subordinado ao que for inerente ao trabalho.
Ou seja, ganhei um pequeno alento, mas tomei pra dentro de com força, achando que, me dedicando, tudo seria reconhecido. Além disso, nesse meu pedido, fui sutilmente acusado de má-vontade e preguiça, para justificar essa recusa (o que não é verdade, como já comentei aqui mesmo).
Não sei se ela mesma acredita nisso, se ela é orientada a não ficar liberando demais os funcionários. Quero crer que ela ficou incomodada com um pedido de tantos dias para descansar ou que a superior dela a puniria se ela liberasse ou que ela não quisesse encorajar todo mundo a fazer a mesma coisa. Só sei que, no fim, só me restou fazer cara de quem não concorda, mas aceita, porque não sou eu quem manda.
Agora, observe como subentende-se que a preguiça fica institucionalizada.
Foi dito também que esse tempo perdido acaba sendo compensado quando eventualmente eu precisar, como um imprevisto ou alguma necessidade justa, mas que eu não tenha direito formalmente. Eu, que sempre evitei esse tipo de situação, agora posso relaxar. Se um dia eu achar que devo falhar ou deixar de trabalhar um turno, basta dar uma desculpa. Simples assim.
Planilha pra quê?
Um comentário:
HAHAHAH concordo ctg!
E que coisa boa esse esquema de planilha de horarios, eu me perco toda, deveria fazer isso!!!
bjo grande
PS: tem msn??? o meu é renatavca@gmail.com
Postar um comentário